Neste 16 de setembro, Alagoas celebra sua emancipação política, conquistada em 1817, como quem acende uma chama de memória e esperança. Um estado que nasceu do desejo de autonomia e do inconformismo com as amarras de Pernambuco, transformando revolta em identidade e emancipação em símbolo de coragem. Até o início do século XIX, Alagoas era subordinada a Pernambuco, vivendo sob um sistema centralizador que sufocava seus interesses e drenava suas riquezas. O descontentamento cresceu, a Revolução Pernambucana incendiou corações e, por decreto régio, Alagoas se emancipou. Não era apenas a criação de uma capitania, mas o nascimento de um povo disposto a governar a si mesmo e a construir o próprio destino.
Duzentos e sete anos depois, Alagoas é uma terra de contrastes. Com praias mundialmente famosas, lagoas de águas cristalinas e um patrimônio cultural riquíssimo, o estado parece um paraíso aos olhos de quem chega. Mas, por trás das paisagens idílicas, esconde-se uma realidade dura: Alagoas continua sendo um dos estados mais pobres do Brasil, com índices de miséria acentuada e insegurança alimentar atingindo centenas de milhares de famílias. Em março de 2025, por exemplo, Alagoas registrou mais famílias recebendo Bolsa Família do que empregos formais. O desemprego e a informalidade permanecem elevados, enquanto a desigualdade histórica não se dissolveu; ao contrário, perpetua ciclos de pobreza e dependência. É o retrato de um estado que, apesar de sua emancipação política, ainda luta pela emancipação econômica e social.
Se, no século XIX, a emancipação foi um ato de coragem, hoje o desafio é outro: libertar-se do estatismo, da burocracia sufocante e de políticas públicas que alimentam dependência, mas não criam autonomia. Transformar as riquezas naturais e culturais em riqueza para as pessoas — esse é o novo grito de independência que Alagoas precisa ecoar. A história de Alagoas é marcada pela luta e pela resistência. O estado que ousou romper as amarras de Pernambuco pode, novamente, romper as amarras da miséria acentuada. Mas, para isso, será preciso mais do que lembranças: será preciso ação, liderança e políticas que fomentem autonomia, desenvolvimento e dignidade.