O sentimento de altruísmo de Eduardo Bolsonaro precisa ser reconhecido por toda a direita conservadora e liberal. Em um país onde o Judiciário se transformou em protagonista político, assumindo um papel que ultrapassa seus limites constitucionais, apoiar publicamente um perseguido não é oportunismo: é heroísmo.
Nas últimas semanas, o Brasil assistiu a uma escalada sem precedentes de violações de direitos fundamentais: censura explícita de redes sociais, prisões cautelares sem denúncia formal, restrições a advogados e familiares, monitoramento ilegal de cidadãos e o uso abusivo de tornozeleiras eletrônicas como instrumentos de intimidação. O que antes era exceção tornou-se rotina — e sempre com um verniz de “legalidade” que esconde arbitrariedades.
É nesse contexto que o gesto de Eduardo Bolsonaro deve ser lido. Em vez de se afastar para preservar sua imagem, ele permanece ao lado do pai – que continua ilegalmente preso e com tornozeleira – desafiando um sistema judicial que tem mostrado pouco apreço pela presunção de inocência e pelo devido processo legal. É um ato de lealdade e de resistência moral diante de um Judiciário que, ao se autoproclamar guardião da democracia, viola sistematicamente os próprios pilares que deveria defender.
Ignorar esse gesto, ou reduzi-lo a cálculo político, é fechar os olhos para algo muito maior: o esvaziamento dos direitos individuais e do Estado de Direito no Brasil. Quando princípios fundamentais estão sendo triturados sob o peso do arbítrio judicial, reconhecer a coragem é, no mínimo, um ato de justiça.