A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta semana que o setor industrial brasileiro registrou, em agosto de 2025, o pior desempenho para o mês em dez anos. O índice de evolução da produção ficou em 47,2 pontos – abaixo do nível de 50 que separa crescimento de retração –, acompanhado de queda no número de empregos e redução da capacidade utilizada nas fábricas. É o pior agosto desde 2015, ano em que o país mergulhava em recessão.
Um retrato de fragilidade
De acordo com a CNI, a utilização da capacidade instalada caiu de 71% para 70% entre julho e agosto, e o índice de emprego do setor industrial recuou para 48,4 pontos. Esses números refletem não apenas fatores conjunturais, como juros altos e demanda enfraquecida, mas também um cenário estrutural marcado por um Estado cada vez mais burocrático e intervencionista.
O peso da burocracia e do intervencionismo
Nos últimos meses, o governo federal, sob Lula, tem apostado em políticas de reoneração, aumento de impostos, recriação de subsídios setoriais e expansão da máquina pública. Para especialistas ouvidos pela CNI e entidades independentes, essas medidas sufocam o setor produtivo e reduzem a competitividade da indústria brasileira.
Segundo avaliação do economista-chefe do Instituto Millenium, “o empresariado precisa de previsibilidade e simplificação tributária, não de novos programas com regras instáveis e exigências burocráticas. O excesso de intervenção estatal desestimula investimento e planejamento de longo prazo”.
O mesmo ciclo de sempre
A combinação de carga tributária elevada, crédito caro e incerteza regulatória cria um ambiente hostil à produção e ao emprego. As indústrias, especialmente as de médio porte, sentem a pressão de uma política econômica que promete estímulos, mas entrega obstáculos: licenças demoradas, aumento no custo de energia, insegurança sobre reformas estruturais e pressão sindical sobre novos encargos.
Por que isso importa
A indústria é o motor do crescimento e da inovação. Sem um setor produtivo forte, o país perde capacidade de gerar empregos de qualidade e renda estável. Se nada mudar, o “pior agosto desde 2015” pode não ser um ponto fora da curva, mas um prenúncio de nova estagnação prolongada.
Caminhos para reverter
Especialistas apontam que a saída passa por um programa sério de simplificação tributária, corte de burocracia, redução de custos logísticos e estabilidade regulatória. Sem isso, qualquer tentativa de “nova política industrial” ficará presa ao velho problema: um Estado que promete desenvolvimento, mas impede a sua realização.
Fontes:
– Confederação Nacional da Indústria (CNI): Sondagem Industrial de Agosto/2025
– Instituto Millenium (entrevistas e análises econômicas)
– Br.Investing.com: “Indústria tem pior agosto em 10 anos, diz CNI”